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Apesar de POCAHONTAS ser o único filme de animação Disney inspirado em uma história real, a versão do estúdio é mais baseada no folclore e nos mitos que cercam a vida de Pocahontas do que nos fatos que realmente aconteceram. A verdadeira Pocahontas se chamava Matoaka (Pocahontas era um apelido de infância que significava “pequena travessa”) e nasceu em 1595, filha do chefe indígena Powhatan. Como Pocahontas nunca aprendeu a escrever (o que significa que tudo o que se sabe sobre ela foi transmitido para futuras gerações por outros), seus pensamentos, sentimentos e motivos se mantém quase desconhecidos. Sua história então se tornou perfeita para versões romantizadas nos séculos seguindo sua morte. Sua história com John Smith, por exemplo, acabou se tornando uma versão americana de Romeu e Julieta. Na verdade, quando Pocahontas conheceu Smith ela tinha apenas 12 anos de idade, e apesar de haver relatos pelo capitão inglês que diz ter sido salvo da execução por Pocahontas, a veracidade da história nunca pôde ser confirmada. É sabido, no entanto, que Pocahontas foi realmente importante em manter a paz entre seu povo e os colonos de Jamestown. Ela se casou com o soldado inglês John Rolfe e morreu de varíola aos 22 anos durante a jornada da Inglaterra de volta à sua terra natal.

 

Mike Gabriel tinha acabado seu trabalho como diretor de BERNARDO E BIANCA NA TERRA DOS CANGURUS em 1990 quando começou a pensar seriamente no próximo projeto no qual ele gostaria de trabalhar. Ele queria que fosse um épico de grande escala que seria adaptável ao tipo de musical estilo Broadway que a Disney havia recentemente abraçado. “Era um fim-de-semana de Ação de Graças e eu estava tentando descobrir o que faria a seguir”, conta Gabriel. “Eu sabia que queria que fosse uma história de amor e estava pensando que um western podia ser um pouco diferente. Eu pensei sobre Pecos Bill e alguns outros títulos, mas parecia que todos já haviam sido feitos antes. E então o nome Pocahontas me veio à mente e eu fiquei bastante ansioso em relação a ele. Todos conheciam o conto dela salvando a vida de John Smith e parecia um modo natural de contar a história sobre dois mundos conflitantes separados tentando entender um ao outro”.

 

Peter Schneider (o então presidente da Walt Disney Feature Animation) e seu time de desenvolvimento consideravam uma versão animada da história de “Romeu e Julieta” por cerca de oito anos e o rascunho de Mike Gabriel da história de Pocahontas tinha muito dos mesmos elementos. Schneider diz que “nós estávamos particularmente interessados em explorar o tema de que se não aprendermos a viver uns com os outros, nos destruiremos”. Com seu projeto tendo recebido a aprovação dos executivos (o projeto aprovado mais rapidamente na história do estúdio), Gabriel começou a escrever um rascunho da história e trabalhou com Joe Grant em experimentações visuais preliminares e notas de história.

 

Em 1992, após acabar seu trabalho supervisionando a animação do Gênio de ALADDIN, Eric Goldberg se uniu á Mike Gabriel como co-diretor de POCAHONTAS. “Mike e eu separamos nossas funções” conta Goldberg. “Eu fiquei principalmente a cargo da animação e do clean-up enquanto ele lidava com layout, cenários e modelos de cor”.

 

O grande sucesso de A BELA E A FERA (1991) teve grande influência na produção de POCAHONTAS. O filme ganhou as graças não apenas do público infantil, mas também de uma grande parte do público adulto, culminando em uma indicação ao Oscar de Melhor Filme, a primeira do tipo para um filme de animação. Com o intuito de produzir um filme animado mais adulto que finalmente ganhasse a disputada estatueta, Jeffrey Katzenberg, então responsável pelo departamento de animação, resolveu fazer com que POCAHONTAS se encaixasse às suas ambições. O filme foi estruturado como uma história séria e madura, e grande parte dos momentos cômicos foram excluídos. De fato, POCAHONTAS era visto como sendo tão promissor que os maiores artistas do estúdio escolheram trabalhar nele à outro projeto em desenvolvimento no estúdio na mesma época: O REI LEÃO.

 

Nos estágios iniciais de produção, os animais falavam assim como na maioria dos filmes Disney. Quando foi decidido que POCAHONTAS seria um filme mais sério, os animais perderam suas vozes e foram feitos mudos. Como conseqüência dessa mudança na produção, um personagem cômico acabou sendo excluído do filme: com a voz do falecido comediante John Candy, Readfeather era um peru que seria o companheiro de Pocahontas. Algumas cenas testes de animação chegaram a ser feitas e até mesmo seu design finalizado. O personagem acabou sendo deixado de lado e substituído por Meeko, o guaxinim, animal que permitiria um humor menos exagerado e cujas expressões seriam mais bem captadas em pantomima.

 

Um dos maiores desafios enfrentados pelos produtores do filme foi a falta de informação sobre a veracidade de diversos eventos que cercam a história de Pocahontas. Até o maior acontecimento do filme, o de Pocahontas salvando a vida de John Smith, causa alguma controvérsia entre os historiadores que debatem se o fato realmente aconteceu ou não. Segundo o produtor James Pentecost “Se os próprios historiadores não conseguem concordar, nós sentimos que tínhamos uma certa licença do que é conhecido do folclore para criar a história”.

 

Como POCAHONTAS não teria um final tradicional da Disney, os produtores assistiram a filmes como CASABLANCA, A PRINCESA E O PEBLEU, NOSSO AMOR DE ONTEM e PASSAPORTE PARA O AMOR para descobrir o que os faziam ter tanto apelo junto ao público mesmo com o casal não ficando junto ao final.

 

Para assegurar que o tom e sentimento de POCAHONTAS apuradamente refletissem o espírito dos nativo-americanos representados no filme, os produtores realizaram extensa pesquisa com uma variedade de especialistas técnicos, historiadores e leitores nativo-americanos para representar fielmente o modo de vida, figurinos, línguas e costumes indígenas da época. De origem nativo-americana, o ator e ativista Russell Means, a voz do chefe Powhatan, também serviu de ajuda aos cineastas para manter a fidelidade da representação indígena no filme. Os produtores também visitaram Jamestown, Virginia para uma pesquisa mais aprofundada sobre a área e a história cercando a colonização inglesa e a tribo de índios Powhatan.

 

Embora exista muita controvérsia entre os historiadores sobre os fatos que deram origem à lenda de Pocahontas, os cineastas sabiam que a personagem deveria ser o coração do filme. Eles queriam que Pocahontas fosse uma pessoa espirituosa que tivesse uma constante relação com a natureza, cujos pensamentos fossem mais profundos do que se vê na superfície. De contrabalanço, ela também deveria ter um aspecto travesso e brincalhão que pudesse ser explorado pelo lado cômico do filme.

 

Glen Keane fez os storyboards para a cena em que Pocahontas e John Smith se encontram pela primeira vez na cachoeira, usando carvão para criar desenhos que evocam poderosa emoção. A cena foi originalmente escrita com diálogos, mas Keane não se sentia confortável com essa versão. “O que eles diriam um para o outro?” ele se perguntava. Como inspiração, ele se lembrou de quando conheceu sua esposa na fila do cinema, imaginando que era amor a primeira vista e que haviam sido destinados um para o outro. Era esse mesmo tipo de momento elétrico necessário para Pocahontas e John Smith.

 

Para a mãe de Pocahontas, os produtores exploraram a idéia de que, uma vez que você morre, seu corpo se torna parte da natureza. Um dos conceitos iniciais era representar a mãe como uma Estrela Brilhante no Céu da Manhã, mas como a equipe de O REI LEÃO queria utilizar a idéia das estrelas, foi resolvido representar a mãe através de folhas coloridas.

 

O veterano artista Disney Joe Grant (falecido em 2005), cuja lista de créditos inclui co-escritor de DUMBO e supervisor de história de FANTASIA, contribuiu muito para os personagens e as cenas de humor do filme. Muitas de suas sugestões envolvendo o lado humorístico do filme foram deixadas de lado nos estágios iniciais, mas foram mais tarde re-visitadas na produção e usadas no filme final.

 

Assim como a maioria dos filmes de animação, POCAHONTAS teve diversas cenas cortadas ainda no estágio de storyboards:
- O filme originalmente começaria com uma cena dos nativo-americanos prevendo a chegada dos soldados ingleses (cena que foi movida para outro ponto do filme). Os diretores acharam que seria melhor começar o filme com o navio Susan Constant partindo da Inglaterra, dando o sentimento de um acidente que está preste a acontecer.
- Uma pequena reunião dos colonos no interior do navio após o resgate de Thomas. Após uma discussão sobre os índios, eles entoam uma reprise de “Virginia Company” e a cena dissolve para a aldeia dos Powhatan.
- Seqüência musical introdutória intitulada “Dancing to the Wedding Drum”, na qual Pocahontas chega até a aldeia para falar com seu pai sobre seu casamento com Kocoum e descobre que todos os preparativos para a cerimônia já estão sendo feitos. As letras da canção foram re-trabalhadas e ela foi transformada em “Steady to the Beating Drum”, que introduz a sociedade indígena.
- Uma pequena introdução musical à canção “Just Around the Riverbend”, cantada por Pocahontas após a conversa com seu pai.
- Cena humorística em que um gordo Ratcliffe desembarca do navio fazendo o mesmo inclinar.
- Durante o encontro na Clareira Encantada, John Smith explica para Pocahontas como são as mulheres de sua terra. Unindo folhas das árvores, os animais vestem Pocahontas como uma mulher inglesa.
- Wiggins (em uma versão mais arrogante) é confrontado pelos colonos, que jogam lama em cima dele.
- Stephen Schwartz e Alan Menken escreveram um grande número showstop para POCAHONTAS chamado “In the Middle of the River”, em que o casal de amantes se encontra na clareira da Vovó Willow e cantam sobre suas esperanças e que, caso suas diferentes culturas não se unam, eles sempre poderão se encontrar no meio do rio. No melhor estilo dos musicais sofisticados da Disney como “Under the Sea” e “Be Our Guest”, os animais e espíritos da floresta se juntam em um grande número de dança. Um demo da canção foi gravado e uma versão em storyreel foi criada, mas a cena acabou na sala de edição.
- Em meio à preparação da tribo para a guerra, John Smith consegue escapar de sua prisão. Ajudado por Pocahontas, ele corre até o rio, mas acaba sendo preso pelos índios novamente.
- Durante seu encontro com a Vovó Willow antes da manhã da execução, Pocahontas canta uma pequena reprise de “Just Around the River Bend”.
- Uma pequena reprise da canção “If I Never Knew You” (que também acabou sendo cortada) durante a despedida de Pocahontas e John Smith. A cena acabaria sendo animada 10 anos depois para a edição especial do filme.
 

Algumas cenas que foram cortadas de POCAHONTAS mesmo com a animação das mesmas já estando parcialmente ou totalmente completas:
- Durante a cena em que Ratcliffe diz que seus soldados deverão dar uma própria saudação inglesa para os nativos, haveria uma gag envolvendo Wiggins lutando com uma bandeja na cabeça e uma concha de sopa e tropeçando em uma armadura com uma espada caindo entre suas pernas. No filme, a gag foi substituída por Wiggins segurando cestas de presentes. Na quadrinização oficial do filme, a versão original da cena foi utilizada.
- Um final alternativo para a canção “Mine, Mine, Mine”, em que uma tomada de plano aberto revela a destruição feita pelos colonos. No filme final, a cena acaba com um close no rosto de Ratcliffe.
- Uma versão um pouco diferente do conflito dos soldados e dos índios mostrava Percy correndo atrás da coxa de galinha atrás dos arbustos e deparando com um dos índios. A luta também tinha mais momentos cômicos envolvendo Wiggins vestindo uma armadura e Percy se escondendo numa escultura de folhagem que representava Ratcliffe.
 

Além de interpretar os diálogos de Pocahontas, a atriz Irene Bedard também serviu de modelo para a animação da personagem. Enquanto ela gravava as falas, os animadores a filmavam para inspirar os animadores em termos de expressão e movimento corporal. Eles também capturaram certas expressões faciais e o modo que suas mãos se moviam. Irene usava sua imaginação e se perguntava coisas como “Como é falar como uma árvore?” ou que tom de voz usaria para falar com um guaxinim ou um beija-flor.

 

Michelle St. John fez um teste para a voz de Pocahontas. Apesar de Irene Bedard ter ficado com o papel, os produtores gostaram tanto da sua voz que a chamaram para o papel de Nakoma.

 

Mel Gibson foi escalado para ser a voz do Capitão John Smith. Ele disse que pôde reconhecer na animação diversas de suas próprias expressões faciais, sendo que os produtores colocavam câmeras de vídeo escondidas durante suas gravações para usarem o ator como referência ao personagem.

 

O ator David Ogden Stiers é famoso por sua versatilidade vocal. David, que já havia interpretado o relógio Orloge em A BELA E A FERA, aceitou o desafio de dar voz a dois personagens em POCAHONTAS: o ganancioso vilão Governador Ratcliffe e seu cômico criado Wiggins. Em algumas seções de gravação ele chegava a interpretar os dois personagens contracenando entre si. Stiers teve certeza de que estava fazendo um bom trabalho quando alguém do alto escalão da Disney disse que não tinha certeza de quem estava fazendo a voz de Wiggins.

 

Como os atores gravam as vozes de seus personagens separadamente, muitas vezes o elenco não tem a chance de se conhecer pessoalmente. Por exemplo, Irene Bedard e Judy Kuhn, que fizeram as vozes para os diálogos e as canções de Pocahontas respectivamente, nunca se encontraram durante as gravações. Irene Bedard conta que estava ansiosa para conhecer Mel Gibson durante a premiere do filme, mas como ele estava ocupado com CORAÇÃO VALENTE, não conseguiu comparecer. Até hoje os dois nunca se conheceram.

 

O veterano supervisor de animação Glen Keane encontrou um novo desafio ao animar a personagem Pocahontas. “Nós nunca antes havíamos feito uma história baseada em alguém que realmente caminhou e viveu aqui na terra” ele conta. “Todos as outras foram baseadas em contos-de-fada e histórias imaginárias. Esta aqui é real”. Uma das maiores diferenças entre Pocahontas e as prévias heroínas Disney é sua maturidade. Enquanto Ariel e Jasmine eram basicamente adolescentes, Pocahontas já é uma mulher.

 

Buscando inspiração de como melhor encontrar a personagem, Glen Keane viajou para Jamestown em Virgínia durante os estágios iniciais de produção. Enquanto ele caminhava pela floresta, imaginava que talvez havia sido sob essas árvores que John Smith estava esperando para encontrar Pocahontas ou então que era naquele lago que ela usava para navegar sua canoa.

 

A cena em que Pocahontas corre pela floresta após conhecer John Smith foi a primeira animação da personagem criada por Glen Keane. Na verdade, se tratava apenas de uma animação teste, mas os diretores gostaram tanto dela que a deixaram no filme.

 

Ao desenhar a aparência dos índios virginianos da tribo de Pocahontas, Glen Keane e outros artistas Disney foram inspirados por fontes autênticas, como desenhos e aquarelas de artistas-exploradores como Jacques Le Moyne de Morgues e John White, que acompanharam expedições iniciais.

 

Fascinado por história, John Pomeroy, o supervisor de animação do Capitão John Smith, fez extensas pesquisas e leituras sobre os primeiros anos da América, incluindo os escritos biográficos e diários do verdadeiro John Smith. Pomeroy também assistiu a diversos filmes de Errol Flyinn, cujos atributos ele incorporou ao personagem.

 

O supervisor de animação John Marjoribanks se baseou em formas geométricas para criar o vilão Ratcliffe. Em rascunhos iniciais do personagem, ele tinha o corpo semelhante à forma de uma pêra. Para torna-lo mais arrogante, o animador aumentou a força da gravidade sobre seu peito, para que ele parecesse mais pomposo e fisicamente mais ameaçador.

 

Além de servirem como alívio cômico para a história, os animais Meeko e Flit também representam os dois lados da personalidade de Pocahontas. Enquanto Meeko é o aventureiro travesso, Flit é sério e apreensivo.

 

O animador Nik Ranieri buscou inspiração em si mesmo para criar as expressões do guaxinim Meeko. Ele tentava se imaginar na pele do personagem, pensando em como responderia a certas situações sem ter que falar uma palavra. Quanto ao seu design, Meeko é baseado em um retângulo com a cabeça em forma de um carro esportivo para rápidos movimentos. Os olhos de Meeko foram inspirados nos olhos de Pocahontas, apenas inclinados um pouco para cima.

 

O beija-flor Flit passou por diversas mudanças durante a produção. Durante um ponto ele era um mensageiro, depois foi considerado em transforma-lo um personagem que gostava de fofocas.

 

Dave Pruiksma, o supervisor de animação do beija-flor Flit, assistiu diversos filmes de beija-flores de verdade para determinar o que os faziam interessantes e incorporar alguns de seus maneirismos na animação do personagem.

 

Durante os estágios iniciais da produção, o cão Percy podia falar e sua voz seria a de um esnobe inglês. Para manter a seriedade da história de Pocahontas, os produtores acabaram decidindo que os animais deveriam ser mudos.

 

A coleira com o pequeno sino que Percy usa é historicamente acurada – os cães da época realmente usavam esse tipo de coleira.

 

No início do desenvolvimento da história, Wiggins, o criado de Ratcliffe, era visto como um arrogante inglês de nariz empinado. O personagem foi então mudado para uma figura mais cômica, com sua personalidade contrapondo á de Ratcliffe e Percy.

 

A centenária árvore Vovó Willow provou ser um grande desafio aos seus animadores, pois ela foi criada não apenas utilizando as tradicionais técnicas de animação a lápis, mas também com a ajuda da animação computadorizada. Enquanto o animador Chris Buck animava o rosto da personagem utilizando os métodos tradicionais, Steve Goldberg ficava responsável pelas partes digitais, que seriam seu caule e o resto da árvore. Para tal faceta ser realizada, um modelo tridimensional do caule da árvore era digitalizado no computador, apenas com a face faltando, cuja animação seria adicionada depois. Diversos tipos de texturas também foram adicionados sobre o casco da árvore, aumentando assim o nível de realismo.

 

O diretor de arte de POCAHONTAS Michael Giamo foi inspirado pelo trabalho do artista Eyvind Earle no longa-metragem Disney A BELA ADORMECIDA para criar o estilo visual do filme. Assim como no animado de 1959, os cenários e personagens de POCAHONTAS são desenhados seguindo a idéia da justaposição entre o vertical e o horizontal. Pocahontas, por exemplo, tem diversas linhas verticais no seu cabelo e nas franjas de seu vestido.

 

Os cenários de POCAHONTAS foram inspirados pelas paisagens reais da Virgínia. Mesmo que realistas, os diretores de arte resolveram levar a experiência ao extremo, desenhando árvores exageradamente altas e largas paisagens.

 

POCAHONTAS é um dos filmes mais sérios já produzidos pelo estúdio. Quando os diretores perceberam que teriam que lidar com algumas cenas de violência na tela, eles resolveram não mostrar sangue (afinal, esse é um filme Disney cuja classificação deve ser livre), mas ao mesmo tempo não deixar de mostrar a seriedade do conflito. De fato, a morte de Kocoum é a primeira morte em câmera de um personagem humano num filme Disney.

 

O estilo visual da cena de Pocahontas surgindo do vento enquanto dança com John Smith durante “Colors of the Wind” foi inspirada pelos desenhos em carvão de Glen Keane.

 

Uma das idéias dos produtores era colocar a lâmpada do Gênio entre coisas que Meeko roubou do acampamento dentro do buraco na árvore, como uma espécie de piada interna. Ao final, eles acabaram desistindo, pois acharem que seria uma piada barata.

 

A cena em que Meeko faz uma trança no cabelo de Pocahontas começou apenas como uma cena teste de animação. O departamento de marketing gostou tanto dela que mandou que um boneco de Meeko mexendo no cabelo de Pocahontas fosse feito e insistiu para que a cena fosse incluída no filme.

 

A primeira canção escrita pelos compositores Alan Menken e Stephen Schwartz para POCAHONTAS foi “Colors of the Wind”, que viria a ser premiada com o Oscar. Enquanto escrevia a canção, o letrista Schwartz obteve inspiração de poesias norte-americanas e escritas antigas de sábios e idosos. A sua principal influência foi a famosa carta do chefe indígena Seattle escrita ao Congresso, que dizia coisas como “Se vocês não preservarem o que têm não irão aprecia-lo até ser perdido” ou “Ninguém pode ser dono do céu”. Quando um shaman indígena visitou os estúdios Disney para falar sobre os costumes e coisas filosóficas que eram importantes para os nativo-americanos, ele ficou realmente emocionado ao escutar “Colors of the Wind” e falou como essas coisas eram importantes para seu povo.

 

“Just Around The River Bend” é a clássica canção I want (Eu Quero) presente na maioria dos musicais da Broadway, em que o personagem expressa seus desejos e conflitos. Neste caso, Pocahontas sente que há algo esperando por ela e ela não sabe o que é. Está fora de alcance.

 

Em relação à música de POCAHONTAS, Alan Menken assimilou influências barrocas para as canções associadas com os soldados ingleses e tentou ser o mais autêntico possível com a música nativo-americana. “Especificamente, eu escutei música das tribos indígenas orientais e os algonquins” explica Menken.

 

Durante a produção, Alan Menken e Stephen Schwartz compuseram um emotivo número romântico em que Pocahontas e John Smith expressariam o amor que sentiam um pelo outro e como suas vidas haviam sido afetadas por sua relação. Chamada “If I Never Knew You”, o musical se passaria durante a cena em que Smith está preso e Pocahontas vai visitá-lo em sua tenda. A canção foi gravada por Judy Kuhn e Mel Gibson e a cena foi quase completamente animada a lápis. Quando uma versão incompleta de POCAHONTAS foi exibida a um público-teste, os produtores notaram que a platéia, especialmente as crianças, tendia a ficar impaciente durante a balada romântica. Apesar da canção agradar ao público mais maduro e ser adorada por todos da produção, ela acabou sendo cortada do filme. Na versão lançada aos cinemas de POCAHONTAS, tudo que restou de “If I Never Knew You” foi o tema instrumental ao decorrer do filme e uma versão pop da canção interpretada por Shanice e John Secada durante os créditos finais.

 

Em 3 de maio de 2005, a Disney lançou nas lojas americanas um DVD duplo comemorativo celebrando o 10o aniversário de POCAHONTAS. Para este lançamento, alguns dos artistas que trabalharam no filme em 1995 voltaram para finalizar a canção cortada durante a produção, “If I Never Knew You”. A cena foi totalmente colorida e novamente inserida no filme. Uma pequena reprise da canção durante a despedida de Pocahontas e John Smith também foi animada para essa edição especial.

 

POCAHONTAS levou cerca de quatro anos para ser produzido. Cerca de 600 animadores, artistas e técnicos trabalharam no filme.

 

O primeiro teaser trailer de POCAHONTAS apareceu antes do filme MEU PAPAI É NOEL (1994). No mesmo estilo do trailer de O REI LEÃO, que apresentava todo o número musical “Circle of Life”, o trailer de POCAHONTAS constituía da canção “Colors of the Wind”. Este trailer ficou famoso por aparecer no VHS de O REI LEÃO lançado em 1995. No Brasil, o teaser anunciava o lançamento do filme nos cinemas para julho de 1995, mas o lançamento acabou sendo antecipado para junho do mesmo ano.

 

Disposta a fazer do lançamento de POCAHONTAS um grande acontecimento, a Disney promoveu a premiere mundial do filme no Central Park em Nova York em 10 de junho de 1995. O evento levou mais de nove meses para ser planejado. No parque, três telas de cinema gigantes foram erguidas, tão grandes que podiam ser vistas sobre as árvores nas janelas dos prédios vizinhos. Películas de 70mm do filme tiveram de ser feitas especialmente para serem projetadas nas telas gigantes, e o som teve que ser atrasado em doze frames para que o áudio estivesse em sincronia com o filme através da grande área do parque. Um grande show de fogos de artifício encerrou a maior estréia cinematográfica da história, que contou com um público de mais de 100 mil pessoas.

 

Quando lançado internacionalmente, o filme ganhou um subtítulo em alguns países. Na França, o filme foi batizado de “Pocahontas: Uma Lenda Indígena”. No Brasil e em alguns países de língua espanhola, foi chamado de “Pocahontas: O Encontro de Dois Mundos”.

 

Com um orçamento estimado de $55 milhões, POCAHONTAS lucrou $141,579 milhões de dólares apenas nos EUA, se tornando a quarta maior bilheteria de 1995. Internacionalmente, o filme lucrou $204,500 milhões para um total de $346,079 milhões mundialmente.

 

Foi premiado com os Oscar de Melhor Canção (“Colors of the Wind”) e Melhor Trilha Sonora. Também ganhou dois Globos de Ouro nas categorias de Melhor Canção Original – Filme (“Colors of the Wind”) e Melhor Trilha Sonora Original – Filme.

 

Em 1998, o filme ganhou uma seqüência lançada diretamente para o vídeo. Com o título de POCAHONTAS II: VIAGEM A UM NOVO MUNDO, a produção retrata a viagem de Pocahontas para a Inglaterra e seu envolvimento com o inglês John Rolfe (que foi seu marido na vida real).

 

 

TEXTO: Matheus Mocelin Carvalho

FONTE: Animatoons